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PLANTAS MEDICINAIS: BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS 

Grupos de plantas medicinais e tóxicas são utilizadas indistintamente, já que se tem o pressuposto de conterem princípios ativos, que dependendo da dose, podem ser benéficos ou tóxicos para o organismo. O uso inadequado das plantas tem causado e segue causando sérios problemas de intoxicação ou envenenamento, muitas vezes de forma mortal, por se ingerir partes das plantas que são altamente tóxicas mesmo em doses baixas. Podemos encontrar plantas tóxicas em todo nosso entorno, plantas ornamentais de interior, nos parques e jardins, em forma silvestre ou em cultivares e alimentoscotidianos, de tal forma que o risco de intoxicação é evidente tanto para o homem como para os animais. A importância do grupo das plantas tóxicas, não está só nos riscos que estas representam, mas também nos benefícios que podem proporcionar, quando é usada adequadamente.
A história do uso de plantas medicinais tem mostrado que elas fazem parte da evolução humana eforam os primeiros recursos terapêuticos utilizados pelos povos. As antigas civilizações têm suas próprias referências históricas acerca das plantas medicinais e, muito antes de aparecer qualquer forma de escrita, o homem já utilizava as plantas e, entre estas, algumas como alimento e outras como remédio. Nas suas experiências com ervas, tiveram sucessos e fracassos, sendo que, muitas vezes, estas curavam e em outras matavam ou produziam efeitos colaterais severos (TUROLLA; NASCIMENTO, 2006).
A planta medicinal utilizada em medicamentos é um xenobiótico, isto é, um produto estranho ao organismo humano, nele introduzido com finalidades terapêuticas. Como todo corpo estranho, os produtos de sua biotransformação são potencialmente tóxicos e assim devem ser encarados até comprovação contrária. Do ponto de vista toxicológico, deve-se considerar que uma planta medicinal ou um fitoterápico não tem somente efeitos imediatos e facilmente correlacionados com a sua ingestão, mas, também, os efeitos que se instalam ao longo prazo e de forma assintomática, como os carcinogênicos, hepatotóxicos e nefrotóxicos (NICOLETTI et al, 2007). A ingestão de plantas pode causar diferentes graus de intoxicações como (BARCELLOS, 1998): Intoxicação aguda, quase sempre por ingestão acidental de uma planta ou de alguma de suas partes que é tóxica, e que é de incidência preponderante no grupo pediátrico. Intoxicação crônica, conseqüente à ingestão continuada, acidental ou propositada de certas espécies vegetais, responsável por distúrbios clínicos muitas vezes complexos e graves. Exposição crônica, evidenciada particularmente por manifestações cutâneas em virtude do contato sistemático com vegetais, verificado com maior frequência em atividades industriais ou agrícolas. Utilização continuada de certas espécies vegetais, sob a forma de pó para inalação, fumos ou infusões, visando a efeitos alucinógenos ou entorpecentes.
Portanto, em princípio todas as plantas são tóxicas, o que vai determinar se terão efeito de remédio ou veneno é a dosagem. O fato de a planta ser utilizada há muito tempo popularmente não descarta a possibilidade de ações tóxicas. Os princípios ativos devem ser considerados pois se uma planta possui componentes capazes de produzir efeitos terapêuticos, podem conter também, componentes tóxicos.

Bruna Vilanova Rocha

Referência
BARCELLOS, D. C. Plantas Ornamentais Tóxicas. Remédios e Venenos da Toxidez a letalidade. Site do grupo Plantamed. 1998. Disponível em: Acesso em: 19mar. 2014. 
BARRACA, S. A. Manejo e Produção de Plantas Medicinais e Aromática. ESALQ/USP, 1999.
FRANÇA, I. S. X.;SOUZA, J. A.; BAPTISTA, R. S.; BRITTO, V. R. S. Medicina Popular: benefícios e malefícios das plantas medicinais. Revista Brasileira de Enfermagem. v. 61, n. 2, 2002.
LOPEZ, C. A. A. Condições Gerais Sobre Plantas Medicinais. Ambiente: Gestão e Desenvolvimento. v.1, n.1, 2006.
MENTZ, L. A.; SCHENKEL, E. P. Plantas Medicinais: A Coerência e a Confiabilidade das Indicações Terapêuticas. Caderno de Farmácia, V. 5, N. 1/2, 1989.


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